TOQUE DE ARTE / MARIE LAURENCIN / MUSÉE DE L'ORANGERIE / PARIS
O museu de L’Orangerie em Paris é famoso por ser o lar dos Nympheas de Claude Monet. O museu abriga também a coleção J. Walter e P. Guillaume, reunindo cerca de 150 obras das décadas de 1860 a 1930, e conta com telas de, Renoir, Cézanne, Picasso, Matisse, Modigliani, Derain, Soutine… E uma única mulher, Marie Laurencin.
Até 1897, as mulheres não estão autorizadas a frequentar a Escola das Belas Artes, e o modelo nu, base da educação artística, é proibido a elas até meados do século XIX.
Estavam então confinadas a gêneros considerados secundários (retrato, paisagem, natureza morta), e excluídas de grandes encomendas e exposições de destaque.
Porém, as artistas mulheres sempre existiram. Não é possível se conformar com o fato que elas foram colocadas de lado por uma questão de género. Por isso é importante o trabalho de reconhecimento e resgate dessas artistas.
Marie Laurencin nasce em Paris em 1883. Em 1902 começa a frequentar a Academia Humbert onde conhece Georges Braque. Em 1907 é realizada sua 1a exposição individual. Foi quando conheceu Picasso, que a introduz a Derain, Delaunay, le Douanier Rousseau, Max Jacob, Vlaminck.. Ela então é reconhecida por seus pares por seu tratamento fauvista da linha preta e seus tons de cinza, azul e ocre. Seu relacionamento com Apollinaire a aproximou mais da escrita. É sob o impulso da Marie que é lançada a revista Dada 391 em janeiro de 1917, na qual publicou dois poemas.
Mas são os anos 20 que trazem o reconhecimento e sucesso público. Começa a pintar personagens femininas vaporosas evocativas de um mundo encantado. Pinta retratos de celebridades parisienses e cria cenários de teatro, em particular para os Ballets Russes. Desenvolve nas suas obras o gosto pela metamorfose, reunindo dois dos seus temas preferidos: as mulheres e os animais.
Na sua morte em 1956, o estilo dela é considerado decorativo demais para um mercado da arte então liderado pela abstração geométrica e o expressionismo abstrato. Nos anos 80, o industrial japonês Masahiro Takano adquire suas obras e inaugura um museu Marie Laurencin em Tokyo. Na França, é somente em 2013 que é realizada a primeira retrospectiva da artista, em Paris, no museu Marmottan.