TOQUE DE ARTE / TAMARA DE LEMPICKA
Há 42 anos atrás, no 18/03/1980, morre a artista Tamara de Lempicka, no México. Nascida na Polônia em 1898, morando em São Petersburgo a partir de 1914, Tamara foge da Rússia em 1917 para se estabelecer Paris, onde mora até 1939.
A artista ocupa um lugar especial na arte do século XX: apesar de uma produção modesta (apenas 150 pinturas em seu período mais produtivo, entre 1925 e 1935), suas obras evocam e refletem o estilo e a moda da década de 20.
Esse período, batizado de “Années Folles” na França, sucede ao período da Primeira Guerra Mundial (1914 -1918). Foi uma época sinônima de exuberância, crescimento econômico e uma (certa) liberação das mulheres. No trabalho, comprovaram que podem ocupar o lugar dos homens, que ficaram mobilizados durante a guerra; na política, começa um maior acesso ao direito de voto; na moda, os vestidos se encurtam e os tecidos, mais fluidos, dão mais liberdade de movimento. Na arte, as mulheres finalmente são aceitas nas escolas de arte até então reservadas aos homens.
Cosmopolita, Tamara está familiarizada com o futurismo italiano e as vanguardas polonesas, em particular o trabalho sobre movimento e ritmo. Seu estilo é marcado por uma preocupação com a composição, a distribuição de linhas, volumes e cores na tela. Uma pintura suficientemente clássica em suas referências para seduzir a elite financeira que compõe boa parte da sua clientela, e suficientemente fiel ao espírito da época para provocar a admiração dos críticos. Pois todo o frenesi desses anos que pedem por diversão e ao mesmo tempo deixam pressentir o desastre a vir (crise de 29, crescimento dos nacionalismos), encontra-se como pano de fundo dos seus retratos.
Em 1939, foge da Europa para se estabelecer nos Estados Unidos. Lá, continuou a pintar, no entanto, sua estética não ecoa mais com a nova realidade econômica e política dos anos 50 e 60. Nos anos 70, a crescente mania pela estética Art Déco resgata a procura para suas obras dos anos 20. Hoje, as poucas telas dessa época ainda disponíveis a venda atingem valores altíssimos nas salas de leilão.