TOQUE DE ARTE / GEORGIA O'KEEFFE / CENTRE POMPIDOU, PARIS
O Centre Pompidou inaugurou em setembro a primeira retrospectiva francesa da Georgia O’Keeffe, uma das mais importantes figuras da arte americana, que nasceu em 1887 e morreu em 1986, nos Estados Unidos. Seu trabalho abrangeu o século XX.
Ancorado na tradição do paisagismo americano, o conjunto da sua obra contribuiu para a afirmação da arte moderna nos Estados Unidos, e anunciou a arte minimalista americana.
Do borbulhar da vanguarda nova-iorquina ao deserto do Novo México, o artista expressou em suas pinturas uma profunda comunhão com a natureza. Conhecida por suas famosas pinturas de flores em close-up, que revelam seu apurado senso de observação, seu trabalho, contudo, não se limita a este período criativo.
Em 1918, ela deixa o Texas onde ensinava as artes plásticas para Nova York. Este novo contexto geográfico dá origem a uma série de pinturas que celebram a modernidade urbana da cidade. Na mesma época, frequenta todos os verões a região do Lago Georges. O cenário bucólico e rural se revela uma preciosa inspiração para sua arte. Em 1929, viaja para o Novo México, onde fica fascinada pela paisagem do deserto. Coleta objetos do mundo natural como conchas, pedras e ossos de animais. Esses elementos dão inicio a uma série de pinturas representando crânios brancos de bovinos.
Nos anos 1950 e 1960, com a influencia da luminosidade e da sobriedade das paisagens desérticas, a sua obra anuncia a arte minimalista americana. Suas viagens em avião dão origem a uma nova série de pinturas baseadas em vistas aéreas de rios “Sky above clouds”. O formato de suas pinturas, as cores e tonalidades tornam suas pinturas praticamente abstratas.
Georgia O’Keeffe foi a primeira mulher a se estabelecer entre críticos, colecionadores e museus. Em 1929, foi a primeira artista feminina a integrar as exposições do recém-criado MoMA. Mais tarde, os maiores museus americanos lhe dedicaram retrospectivas (Chicago em 1943, o MoMA em 1946). Abriu o caminho para o reconhecimento de uma arte que não está mais necessariamente associada ao gênero de sua autora.