Paula Rego era uma das mais importantes artistas da cena artística europeia contemporânea. Ela fez parte da segunda geração da London School, ao lado de artistas como Francis Bacon e Lucian Freud. Ela faleceu aos 87 anos, esse mês.

 

Nascida em Lisboa em 1935, cresceu numa família de classe média, durante um dos períodos mais sombrios da história portuguesa, a ditadura nacional do Salazar.

 

No início da década de 1960, ela migra para Londres com o apoio do pai, onde se formou na Slade School of Fine Art.  

 

Suas primeiras pinturas estão no limite da abstração, porém a narração está sempre presente. Na sua primeira exposição, organizada nas Belas Artes, em Lisboa, em 1963, a artista apresenta uma série de colagens abstratas, inspiradas na situação política do seu país, em particular o eloquente “Salazar vomitando a Pátria” que, como todas as outras obras, será censurado. A partir dos anos 70, afastou-se da abstração e voltou-se para a pintura figurativa.

 

Descrito como 'realismo onírico', suas composições impressionam pela encenação sofisticada e pela presença física dos personagens. Num estilo direto e impactante, abordam temas existenciais como a dor, a sexualidade ou a violência.  

 

As experiências e memórias pessoais são enxertadas na história coletiva. Contos populares, lendas, fatos reais e imagens se sobrepõem e se tornam inseparáveis.

 

Paula Rego é particularmente conhecida pelos seus trabalhos que abordam com força as capacidades de ação e determinação, sofrimento e sobrevivência das mulheres, como a série Dog Woman, iniciada em 1994, a série Abortion, 1998-1999, e Female Genital Mutilation, 2008-2009.

 

Algumas de suas obras estão atualmente expostas na exposição internacional "The Milk of Dreams" na 59ª edição da Bienal de Veneza