CÉUS DE MONET é uma individual inédita do artista Tomaz Viana, o TOZ, que traz uma reflexão sobre a percepção dos objetos e sua relação com o espaço.

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A série CÉUS DE MONET foi concebida a partir da observação do artista durante um projeto comissionado, “Graffiti Rural” realizado entre os anos de 2018 e 2020 em uma fazenda do século 18, no Estado do Rio de Janeiro. Lá, Toz realizou uma série de grandes painéis onde criou os seus dégradés, se utilizando do graffiti como material principal. Os painéis foram pintados sobre antigos equipamentos da fazenda.

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Com o projeto “Graffiti Rural”, Toz busca levar a tradição da apropriação de objetos e lugares da cidade, inerente à cultura da Arte Urbana, para à natureza. E assim decide pintar o antigo galinheiro da fazenda. De uma ponta à outra, de cima à baixo. Pagando um tributo personalizado à tradicional técnica do “whole train*”, tão representativa do graffiti old school. Contudo, o artista derroga à estética clássica do movimento do graffiti, ao realizar uma pintura abstrata e sem contorno. E remete assim à linguagem dos seus personagens tradicionais usando unicamente as cores.

 

Uma livre inspiração na qual o artista busca capturar as texturas e movimentos de luz e sombra do ar livre, própria  da “plein air” dos impressionistas. Um encontro imaginário e atemporal de um artista contemporâneo oriundo do graffiti com um dos mestres da expressão impressionista, Claude Monet. Dois movimentos artísticos aparentemente antagonistas, porém, ambos intrinsecamente ligados ao ar livre, ao instantâneo. Questionando as noções de espaço e estética, e se apropriando do espaço público através da arte.

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O efeito visual estético das cores em degrade tendo a natureza como entorno, teve um impacto imediato na concepção de espaço do artista: seu olhar, ao invés de se perder nos vales verdes em sua volta, ficou irresistivelmente atraído por esses recortes coloridos. Essa percepção o remeteu à uma citação de um dos pais do minimalismo, o artista Frank Stella: “What you see is what you see” (o que você vê é o que você vê): não há nada mais a descobrir do que uma superfície que se recorta em uma outra, e indica, em negativo, o espaço ao seu redor. 

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A partir dessa observação, Toz idealizou um desafio: transpor o recorte das formas tridimensionais da fazenda para uma superfície plana, a tela. Com isso, ele procura borrar a distinção entre fundo e forma. O quadrado preto pintado no centro do céu colorido se torna um objeto, cuja função é revelar o espaço circundante.

 

Ao aproximar duas percepções de espaço opostas dentro de uma mesma superfície: a estética impressionista, que tende a esquecer os limites do quadro a favor do espaço fictício, e a estética minimalista que os utiliza para tornar o quadro um objeto, cuja função é a de revelar o espaço circundante, a série CÉUS DE MONET busca desta forma questionar a relação tradicional entre o quadro e seus limites. E convida o público a refletir junto a cerca da ideia do que se faz necessário para definir uma pintura.

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* Técnica que consiste em pintar vagões de trens de uma ponta a outra, de cima a baixo.

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Elodie Salmeron